terça-feira, 16 de agosto de 2011

Assembléia de Fundação da ONG "Farmacêuticos sem Fronteiras - Brasil"

Bom dia pessoal,
Ocorrerá essa semana a assembléia de fundação da ONG "Farmacêuticos sem Fronteiras - Brasil". Trata-se de uma filial da entidade internacional Pharmaciens sans Forontières, que tem por objetivo a expansão do acesso a medicamentos em todo o mundo.
O evento será em São Paulo nesse sábado às 14h00, na sede do CRF-SP. Eu vou participar e conto as novidades assim que voltar! Quem puder, compareça!
Para maiores informações acessem: www.fsfbrasil.org
Até lá!

domingo, 14 de agosto de 2011

Farmácia Clinica e Atenção Farmacêutica: Ciências? Práticas? Implicações da falta consenso.

Post compartilhado com o Blog: http://politicasfarmaceuticas.blogspot.com/


            Neste post gostaria de fomentar um pouco a discussão sobre o descompasso que vivemos entre as definições de Farmácia Clínica e Atenção Farmacêutica. Explicar corretamente as diferenças ou semelhanças entre os termos é difícil até para os pioneiros nessas atividades.
Eu falei atividades? Daí está uma das possíveis diferenças... No Brasil vemos algumas diferenças conceituais questionáveis, principalmente no meio acadêmico: a quem entenda Farmácia Clínica como uma atividade especializada do farmacêutico de apoio assistencial e essencialmente hospitalar (e esta ultima característica nitidamente influenciada pelos pioneiros americanos e farmacêuticos hospitalares brasileiros), a quem diga ainda que é centrada no medicamento, na equipe de saúde ou ainda no apoio do médico (certamente conceitos nada agradáveis aos farmacêuticos clínicos mais humanistas). 
A Atenção Farmacêutica, no entanto, já influenciada por conceitos mais humanísticos, muitas vezes tem sido encarada como uma atividade especializada do farmacêutico de cunho assistencial, porém com uma vertente mais ambulatorial, pela necessidade de manutenção do vinculo com o paciente, acompanhamento deste por meio de consultas e tal. Há quem, no entanto acredite que é qualquer atividade do farmacêutico relacionada com o paciente, muitas vezes confundida com dispensação ou mesmo “conversa” com o paciente. 
Porém vamos tentar relembrar um pouco dos conceitos “oficiais”:

A partir de 1960 foram formulados vários conceitos para Farmácia Clínica, como, “farmácia orientada de forma equivalente ao medicamento e ao indivíduo que o recebe”, “farmácia realizada ao lado do paciente”, entre outros. Segundo o Comitê de Farmácia Clínica, da Associação dos Farmacêuticos de Hospital dos Estados Unidos: “A farmácia clínica é uma ciência da saúde, cuja responsabilidade é assegurar, mediante a aplicação de conhecimentos e funções relacionadas com o cuidado dos pacientes, que o uso dos medicamentos seja seguro e apropriado, e que necessita de educação especializada e/ou treinamento estruturado. Requer, além disso, que a coleta e interpretação de dados sejam criteriosas, que exista motivação pelo paciente e que existam interações interprofissionais”.
         Já a Atenção Farmacêutica foi definida pela primeira vez por Hepler e Strand (1990) como a “provisão responsável do tratamento farmacológico com o propósito de alcançar resultados concretos que melhorem a qualidade de vida dos pacientes”. Em 1993 na Declaração de Tókio a Organização Mundial da Saúde define Atenção Farmacêutica como um conceito de prática profissional na qual o paciente é o principal beneficiário das ações do farmacêutico: “é o compêndio das atitudes, os comportamentos, os compromissos, as inquietudes, os valores éticos, as funções, os conhecimentos, as responsabilidades e as habilidades do farmacêutico na prestação da farmacoterapia com o objetivo de obter resultados terapêuticos definidos na saúde e na qualidade de vida do paciente”.
Na Espanha, o Ministério da Saúde e Conselho Geral de Farmacêuticos parecem ter uma tendência a cada vez mais considerar a Atenção Farmacêutica um conjunto de práticas mais objetivas, definindo como: “A participação ativa do farmacêutico na assistência ao paciente por meio da dispensação e seguimento do tratamento farmacoterapêutico, cooperando assim com os outros profissionais de saúde para obtenção de resultados que molharem a qualidade de vida do paciente, promovam saúde e previnam enfermidades” 
No Brasil a proposta de consenso em Atenção Farmacêutica organizado pela OPAS em 2002 define esta como: “Um modelo de prática farmacêutica, desenvolvida no contexto da Assistência Farmacêutica. Compreende atitudes, valores éticos, comportamentos, habilidades, compromissos e co-responsabilidades na prevenção de doenças, promoção e recuperação da saúde, de forma integrada à equipe de saúde. É a interação direta do farmacêutico com o usuário, visando uma farmacoterapia racional e a obtenção de resultados definidos e mensuráveis, voltados para a melhoria da qualidade de vida. Esta interação também deve envolver as concepções dos seus sujeitos, respeitadas as suas especificidades bio-psico-sociais, sob a ótica da integralidade das ações de saúde
Na proposta de consenso brasileiro, assim como nos consensos espanhóis agregam ainda um novo conceito de seguimento farmacoterapêutico ou acompanhamento farmacoterapêutico, descrito no Brasil como: “um componente da Atenção Farmacêutica e configura um processo no qual o farmacêutico se responsabiliza pelas necessidades do usuário relacionadas ao medicamento, por meio da detecção, prevenção e resolução de Problemas Relacionados aos Medicamentos (PRM), de forma sistemática, contínua e documentada, com o objetivo de alcançar resultados definidos, buscando a melhoria da qualidade de vida do usuário”.
Então podemos perceber que de uma maneira geral os vários documentos de entidades profissionais e governamentais que não demonstram um consenso bem definido entre os conceitos. Isso possui um reflexo visível nas políticas farmacêuticas, pois torna-se mais difícil ampliar serviços assistenciais quando os próprios profissionais responsáveis não têm claro o seu papel de sua atuação.
Sem a mínima pretensão de propor qualquer consenso sobre esses conceitos, mas apenas com o objetivo de passar um pouco da visão que tive após várias discussões do XVIII Curso Latino americano de Farmácia Clinica no Chile, do que parece ser a tendência geral de conciliação dessas dúvidas, nos tópicos abaixo:




Daí talvez, tenhamos uma categorização e inter-relação entre os conceitos:



Para que o papel das políticas farmacêuticas centradas na promoção do uso racional de medicamentos seja consolidada como parte de uma política maior de saúde sem dúvida precisamos trazer essas discussões para os espaços institucionais, para as universidades e organizações de classe farmacêutica. Afinal outros profissionais não reconhecerão o nosso papel se nós mesmos não consigamos definir bem os nossos objetivos.